quarta-feira, 16 de junho de 2010

Separado aos 47 anos

A estatística impressiona. De acordo com dados do IBGE, nos últimos seis anos o número de divórcios entre homens e mulheres com mais de 45 anos subiu 40%. Só para se ter uma idéia, no total da população o aumento não chegou a 15%. Voltar à solteirice depois de vinte anos de vida a dois pode parecer tarefa mais árdua que a de uma separação nos primeiros anos de casamento. Na maturidade, o patrimônio da família já está estruturado, os filhos crescidos têm vida própria, o casal se acostumou com as manias um do outro. Mas nada disso parece ser mais garantia de uniões longas. "Estou no meu auge, não podia me conformar com pouco. Buscava algo melhor e encontrei. No começo, é sempre difícil, mas não troco meu estilo de vida hoje por nada, na minha idade, só fica solteiro quem quer. Para alguém interessante não existe mais solidão. Pensar em mudar de vida ou fazer planos para o futuro é algo absolutamente natural. A terceira idade agora começa aos 80 anos. Não é clichê que aos 50 e poucos ainda se tem tempo para tudo. O fato de as mulheres também terem conquistado uma posição relevante no mercado de trabalho e, por conseqüência, dinheiro para se sustentar sem a ajuda do marido também é um motivador para dar fim a relações sem sentido. No Brasil, em mais de 70% dos processos de separação não consensual, justamente a mais dolorosa, a responsabilidade é feminina. No entanto, na faixa etária acima dos 50 anos, os pedidos de separação feitos por homens superam os de mulheres. Estudiosos acreditam que os remédios contra impotência têm um tremendo peso nesse fenômeno. O sujeito passa a se sentir um garoto aos 60 anos. Dispõe de tempo, dinheiro e vigor para começar uma nova família, e é o que, em geral, acontece. Mesmo que a turma dos solteiros convictos pareça fazer mais barulho, o fato é que boa parte dos divorciados cinqüentões volta a se casar. A explicação é simples: quem já viveu um relacionamento estável (e feliz, obviamente) quer sempre mais.